Ao Cadáver

Ao cortar teu corpo com a lâmina afiada do bisturi, não lembramos que aquele corpo nasceu do amor de duas almas, cresceu com sonhos de crianças e esperanças de um grande futuro. Decerto amou e foi amado e, dia a dia, acordava para um amanhã feliz. Não lembramos que teu coração outrora guardava sentimentos, que em teu cérebro borbulhavam mistérios. Não sabíamos o peso que tuas mãos carregaram e nem as lembranças captadas por teus olhos. Só Deus sabe o teu nome e tua história… Foste privado do futuro planejado, dos sonhos ainda não alcançados, de momentos de alegria nesse mundo. Mas o destino deu-te a chance de servir à humanidade e ajudar a levar saúde àqueles que ainda vivem. Nosso agradecimento a ti, que expuseste o corpo ao nosso bisturi para um saber aprendido na morte!