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Ser médico não é deixar de viver a própria vida devido a sacrifícios homéricos por outras pessoas. É, pelo contrário, viver milhares de vidas humanas em uma só existência. Ser médico não é ser frio e insensível. É sentir na alma a dor de todos os corpos, e, ainda assim, encontrar forças para anestesiar seus sentimentos e emoções mais intensas para conseguir suturar corpos e almas que sangram. É ter o dom divino de curar a dor da alma. Ser médico é trazer, no punho, um limitado e preciso relógio marcador de segundos para bem avaliar freqüências cárdio-respiratórias, e, no peito, a eternidade para repartir, entre os que sofrem, prodigiosos punhados de tempo, arrancando minutos, não se sabe de onde, e multiplicando horas, não se sabe como, para ter sempre à mão um santo bálsamo da sua atenção para quem necessita. É não ter direito de chorar em meio a tantos e tão fortes motivos de pranto. É fazer de suas lágrimas alimento de sua alma, levando paz e conforto a tantos sofridos quando mais nada se pode fazer em favor da vida.