Ao Cadáver

“Tu cedeste teu corpo mesmo sem saber. Diante de ti nossas mentes indagaram sobre tua vida… Por onde andam as mãos que as tuas afagaram? Não conhecemos tua história. Teu nome ficará no anonimato. O que foi feito dos teus sonhos? Sobre teu peito não se derramaram lágrimas de saudades. Sobre tua fronte não se depositaram beijos de adeus. Sobre teu ataúde não se jogaram flores”.

(João Guimarães Rosa)

Em tua face a expressão dos anos vividos; teus olhos embaçados, sem brilho; tua pele fria agora jaz na fria lousa. Naquele momento, nada poderia ser feito por ti. Já havias partido… Em teu último momento, tiveste a grandiosidade do ensinamento, e, mesmo em silêncio, contribuíste dando tudo de ti, em um gesto soberano, para o crescimento da humanidade. A ti, que doaste tua morte em benefício de outras vidas, nosso eterno respeito e gratidão!