Ao Cadáver

Nossos agradecimentos ao cadáver, este corpo que, apesar de não mais possuir o mais a vida, tem o nobre dever de transformar a simples teoria na prática mais literal, concernente ao conhecimento da anatomia humana. Conhecimento que permitirá um maior domínio do saber do corpo humano, proporcionando segurança no manejo com clientes e pacientes, razão principal da nossa profissão. Por isso, também a ele o nosso respeito, uma vez que esse corpo um dia nasceu, sorriu, chorou, sonhou. Talvez esse sonho fosse até mesmo o de estudar e cursar uma faculdade. E, por certo, passou por alegrias e decepções, teve desejos. No entanto, por algum motivo, seus laços de existência foram rompidos sem que tivesse recebido uma só prece. E foi aquele sobre cujo peito não se derramaram lágrimas de saudade, sobre cujo ataúde não se jogaram flores, cujo nome não se soube e sobre cujos feitos não se escreveu história, mas que serve à humanidade de maneira não menos importante que um professor ou um aluno.