Mensagem inicial

“Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio,

Porque metade de mim é o que eu grito, a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe seja linda, ainda que triste,

Porque metade de mim é partida, a outra metade é saudade.

Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,

Apenas respeitadas,

Porque metade de mim é o que ouço, a outra metade é o que calo.

Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e paz que mereço.

Que a tensão que me corrói por dentro seja, um dia, recompensada,

Porque metade de mim é o que penso, a outra metade, um vulcão.

Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso que me lembro ter dado na infância,

Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade, não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito,

E que o seu silêncio me fale cada vez mais,

Porque metade de mim é abrigo, a outra metade é cansaço.

Que a minha loucura seja perdoada,

Porque metade de mim é amor

e a outra metade, também”.

(Oswaldo Montenegro)